E esse papel?

E esse papel - I

Eu estava pensando: gosto de escrever. Escrever mesmo, pegar papel e caneta e anotar as ideias, tenho uma mania um pouco careta com relação a isso, pois minhas ideias saem todas de cadernos, de agendas, de folhas soltas. Eu preciso nem que seja de um rascunho pra me dar um norte do que eu vou falar no blog, nos artigos da faculdade, na carta do meu namorado ou na vida.

Estes dias, isso tem me causado uma certa inquietude no sentido de que eu não sei até que ponto nós deixamos de usar letras de forma para usar letras formatadas. Não que o digital seja ruim, pelo contrário! Há muito mais de um ano escrevo em um site e não tem nada que eu goste mais, ainda que não saiba o que falar às vezes.

Deixa eu ver se consigo me fazer entender: ao mesmo tempo que gosto do jeito que tudo fica ajeitadinho aqui no computador, com a formatação correta e um bom layout, gosto de escrever diários, cartas e imaginar a reação do outro – ou mesmo a minha – ao deparar com elas. Perceber a evolução do teor do conteúdo e da curva da letrinha e gostar do caderno com linhas tanto quanto gosta do pdf baixado. É isso. Esse equilíbrio bambo entre a escrita à moda antiga, e o que anda em alta no mundo online por aí.

Esse texto é um desabafo do que foi essa última semana, de muita digitação e escrita. De dados coletados e vividos, eu precisei escrever pra ter dimensão do que me aconteceu; minha inquietude é pedir que fique entre nós, eu, o papel e a tela para a qual estou digitando.

os dias de hoje.

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O mundo anda rápido,

Pessoas têm o pé no acelerador

Informações são jogadas

Com ares de corredor.

 

É preciso escrever e falar,

Alimentar o ego

Produzir e pensar

E agora, que me nego?

 

Temos que parar

Planejar, se esforçar e chegar.

Aonde não temos nem ideia,

De chegando, como continuar.

 

E diante disso, os artistas:

Desprovidos de toda noção,

Retratam para o mundo inteiro

O que lhes arrebata o coração.

Provando que arte é sim,

Um fôlego novo; é inspiração.